Persistência ou Perseverança

Por: Paulo Nogueira

Há algum tempo atrás, li um pequeno apontamento sobre a diferença entre ser persistente e perseverante. Achei o tema interessante, o que me levou a alguma reflexão, a qual não quero deixar de partilhar consigo em alguns aspectos.

Persistir e perseverar são duas palavras que muitas pessoas tomam como sinónimas. Ao consultarmos um Dicionário da Língua Portuguesa, as diferenças aparentes não são muitas e, se consultar o comum dicionário de sinónimos do Microsoft Office Word (Português), os mais antigos, encontra uma correspondência entre persistir e perseverar, mas o contrário já não acontece!

De facto, existem diferenças, e no mundo dos negócios, essas diferenças podem ser a justificação entre sucesso e insucesso.

Certamente concordará que, ser persistente é manter-se continuamente, ao longo do tempo na execução de uma tarefa. Mas que tem isso de mal? Nada, bem pelo contrário…, ou tudo!

Por exemplo, a sua empresa está dotada de sistemas e procedimentos perfeitamente testados e validados, com resultados fantásticos. Aquilo que tem de fazer é ser persistente com esses procedimentos e, quando pretender admitir um novo colaborador, uma das qualidades que terá de exigir é que ele seja persistente, pois a probabilidade de que esse novo colaborador corrompa esses procedimentos será muito reduzida, o que garantirá, pelo menos, os mesmos resultados.

Se, pelo contrário, os procedimentos não estão validados e os resultados obtidos são desastrosos, ao ser persistente com a execução dessas tarefas, está a ser persistente na obtenção de resultados desastrosos e estará a enveredar por um caminho de insucesso.

Há quem defenda que para validar uma estratégia temos de a repetir pelo menos sete vezes e que para mudar um hábito temos de o repetir durante vinte e um a trinta dias. Então, temos de ser persistentes o necessário para validar as boas estratégias e para tornar num hábito as boas práticas.

Isto será válido no seu negócio bem como na sua vida pessoal. Concorda?

Mas lembre-se. “Ninguém obtém resultados diferentes fazendo as mesmas coisas”! É aqui que entra a sua perseverança, ou seja, o seu estado de espírito e resiliência para conservar-se firme num propósito. Por exemplo, nos seus objectivos.

Ser perseverante é ter a capacidade de definir estratégias alternativas, tendo sempre o objectivo em mente. É ser persistente no objectivo mas flexível no caminho para o atingir, monitorizando permanentemente esse caminho para saber se as suas acções o estão a levar no sentido mais correcto. Repare num carreiro de formigas! Coloque o seu dedo a interromper esse caminho e veja o que acontece.

Só tendo o objectivo bem definido é que fará sentido saber se está a ser persistente ou perseverante.

Contudo, existe um perigo! Facilmente nos acomodamos aos hábitos, sobretudo se eles nos trazem bons resultados. Recomendo-lhe duas leituras: “Quem mexeu no meu queijo” e “O nosso iceberg está a derreter”. São duas fábulas que ilustram bem o perigo da acomodação.

Normalmente o conforto dos pequenos sucessos obtidos, apesar de toda a perseverança, podem levar-nos a ser persistentes, e esquecemo-nos de ver, e de olhar, á nossa volta para reconhecer algum obstáculo e preparar-nos para o contornar atempadamente.

A experiencia profissional, ou de vida, pode leva-nos a ser persistentes com padrões de sucessos passados, limitando-nos na procura de caminhos alternativos que nos conduzam a novos sucessos, a inovar, a descobrir novas técnicas, enfim… a melhorar a nossa qualidade de vida.